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Como foi a primeira noite da turnê “Amigos”
25/07/2019 08:42 em Música

 

O “Amigos” sempre foi aquela ideia que a gente torcia para ser retomada, mas que sempre mostrou inúmeros motivos que jogavam água nos sonhos dos fãs.

Todos os artistas se mantiveram na mídia, tocaram bem a carreira, viraram referências e foram bem sucedidos também em suas vidas particulares.

De tão grandes que se tornaram ao longo dos anos, fazer com que Zezé, Luciano, Leonardo, Chitãozinho e Xororó parassem por um tempo para pensar um projeto em conjunto era algo muito improvável.

São três equipes grandes, experientes, muito ensaiadas e compromissadas que teriam que aprender a ceder para conseguir viver harmoniosamente em uma turnê de reunião.

Após anos de conversa, a turnê “Amigos”, envolvendo os escritórios dos artistas, a Som Livre e a Peeb (produtora), foi confirmada e sábado (20), em Belo Horizonte, a estreia mostrou que qualquer esforço valeu a pena.
A estrutura do show é imensa, moderna e faz um ótimo contraste com a nostalgia. Ainda que haja momentos mais tocantes como a homenagem ao Leandro com a música “Mano”, não é necessário nenhum esforço para que o público se emocione. O reencontro, os abraços e os trejeitos mantidos já emocionam durante todo o tempo.

Como todos sabemos que não se trata de uma turnê caça-níquel (não teria problema também se fosse), eles estão ali simplesmente por estarem a fim. A emoção de quem está assistindo é dividida com quem está em cima do palco. Falei com o Zezé depois do show e ele me disse: “lembrei do ‘Amigos’ original o tempo todo”.

Aliás, corta para 2012. Eu estava acompanhando Zezé e Luciano em uma viagem e em um dos eventos estava o Leonardo. Com o Zezé, fui até o camarim do Leo. Depois de um papo rápido entre eles, o Zezé comentou: “gosto demais desse cara, pena que a gente não se vê tanto”.

O respeito entre eles foi fundamental para que esse projeto se erguesse.

BELO HORIZONTE

O show durou pouco menos de três horas, sem pausas e sem problemas de continuidade, mesmo com a ausência de ensaios de palco (encaixar as agendas é um desafio). Dirigido pelo LP Simonetti, diretor da Globo, e por Fabio Lopes, da Hit, acostumado a trabalhar com sertanejos, fica clara a intenção do espetáculo de parecer algo novo, atual, e não um projeto antigo requentado.
O repertório lembra bastante, claro, as edições originais, mas ganharam reforços com sucessos pós-anos 2000, como “Sinônimos”, “Flores em vida” e “A Ferro e Fogo”. Como curiosidade, “No dia em que saí de casa”, que entrou no repertório e é cantado pelos cinco juntos no palco, nunca havia feito parte do “Amigos”, mesmo sendo uma música de 1995. É que a consagração dela viria mesmo só dez anos depois com o filme “2 filhos de Francisco”.

Ao final do texto está o repertório da primeira apresentação para quem quiser conferir. A escolha de músicas é igual escalação de time de futebol, eu também tiraria uma ou outra e colocaria alguma preferida minha, mas as opções disponíveis, como a gente sabe, são infinitas.
As referências ao projeto original estiveram bem presentes, sem exageros, mas sem dúvida faltou os artistas vestirem as camisetas ou jaquetas com as letras que formam a palavra “AMIGOS”, talvez a maior marca do projeto.

No repertório, essas referências estiveram presentes na música de abertura, “Disparada”, e na de encerramento, “Canção da amizade”, mas entre quase 40 faixas, acho que caberia ali uma “Força estranha”, “Vamos dar as mãos e cantar”, “Andança” ou “Marcas do que se foi “, grandes hinos do programa e que fariam todos viajarem imediatamente no tempo.

O “Amigos” foi o acontecimento de mídia mais importante que assistimos até hoje na músicas sertaneja. A ideia surgiu com o intuito de reforçar a ascensão das duplas nos anos 1990, que já incomodava gente importante e disposta e brecar esse avanço. Duas décadas depois, o gênero é dominante no país e boa parte desse sucesso se deve a atuação dessa turma no passado.

Por mais que já esteja confirmado o especial para o fim do ano da Globo, quem gosta de sertanejo precisa fazer um esforço e assistir ao show pessoalmente. Esse ano ainda há quatro datas (Barretos, SP, Porto Alegre e RJ) e no ano que vem haverá mais algumas.

Não sei o que é mais legal. Se é a alegria que a gente tem ao assistir e lembrar daquela época ou a emoção de ver aqueles caras se divertindo juntos 20 anos depois. Se é ver o Chitão não conseguir cantar emocionado ou o Luciano pulando como se tivesse voltado aos seus vinte e poucos anos.

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